Mais um filme, mais um game. A bilionária franquia Harry Potter chega novamente às plataformas do mundo todo, acompanhando desta vez o sexto ano do bruxo na escola de magia de Hogwarts. Porém, é mais uma daquelas que não fazem justiça à fonte de onde surgiram, devido a uma enorme falta de imaginação e esforço por parte dos desenvolvedores em realizar algo digno da marca.
Você é Harry Potter, vá salvar o mundo
Este é mais ou menos o espírito da coisa. Quando você começa a jogar o game, os acontecimentos começam a se desenrolar rapidamente de forma completamente desconexa. Uma hora você está na casa da família Weasley, em outra no trem para Hogwarts e depois no terreno da escola. Tudo sem ligação e com apenas algumas cenas aleatórias sendo mostradas.
Se você não leu o livro ou viu o filme ainda, está lascado. Não vai entender absolutamente nada do que você está fazendo, nem o porque. É absolutamente ridículo, ao ponto de você se perguntar o que está acontecendo. Você é mandado a alguns lugares como forma de ensinar as atividades que você repetirá através do game – mais sobre isso adiante – só que o título é tão curto que isto é uma grande parte dele.
Isto, somado ao fato de que você terá que percorrer a escola para chegar aos lugares específicos, faz com que você passe bem pouco tempo em atividades realmente divertidas. O que é uma pena, já que a estrutura do castelo e dos terrenos adjacentes é bastante interessante e imponente.
Jogabilidade medonha
O lado bom é que não há tempo de carregamento em momento nenhum, o que significa que você pode perambular à vontade sem ter de esperar. Além disso, o level design parece ter fielmente reproduzido o cenário do filme, com uma boa profundidade de vista e locais bonitos – mesmo se os gráficos não são lá essas coisas, como exporei mais para frente.

Por que isto é ruim? Porque você passa o jogo inteiro procurando estes pontos e não presta atenção no cenário, na paisagem, nos detalhes do castelo e nos outros personagens que compõem o mundo. Podiam ter deixado a tela inteira preta com pontos coloridos que seria a mesma coisa.
Harry se move de maneira totalmente truncada e artificial – é horrivelmente incômodo encontrar paredes invisíveis constantemente e obstáculos minúsculos que ele não pode transpor de forma alguma: nem pulando, nem escalando, nem nada. Totalmente contrário ao que um adolescente faria quando deparado com algo semelhante.
A pior parte é mudar a direção do personagem, fazê-lo virar-se. É tão incômodo e travado que chega a dar raiva. A coisa mais fácil de acontecer é travar-se em algum diminuto defeito do cenário e ficar uns dez segundos tentando sair dali. Falhas realmente incômodas.
As atividades de Harry
Ao contrário dos livros, você só tem uma aula: poções. Também participa do quadribol e duela aleatoriamente alunos pela escola, sem sofrer reprimendas – algo totalmente contrário à filosofia exposta nos livros. Estas três atividades são as únicas que você realizará através do jogo todo, com algumas raríssimas exceções: uma delas era uma missão em que você devia acender fogos de artifício espalhados pela escola.

No quadribol, o único controle é o mouse. Harry voa sozinho, como se estivesse em um trilho, e você deve mover-se para os lados, para cima e para baixo para passar por dentro de estrelas, até finalmente agarrar o pomo. Totalmente monótono e sem graça, não há um mínimo de dificuldade para apimentar as coisas.
A diversão do jogo inteiro vem na forma dos duelos. Eles parecem bastante simples no início, quando você possui poucos feitiços, mas se tornam mais interessantes em seguida. O jogador deve lançar magias no oponente e desviar ou bloquear as que vêm em sua direção em tempo real, podendo utilizar um cenário parcialmente destrutível como cobertura. Mas eles são tão poucos e fáceis que não chegam a ser lá estas coisas.
Fora isso, você percorrerá a escola utilizando atalhos bastante convenientes que são liberados conforme você progride. No entanto, quando você tem a sensação de que está familiarizado com o ambiente e tem a vontade de utilizá-lo de forma completa, o jogo termina. Bastante frustrante.
Harry Potter, mas nem tanto
Da perspectiva gráfica, o jogo é bem fraco. Existem inúmeras falhas e os personagens são quase quadriculados. Embora sejam razoavelmente parecidos com seus respectivos atores, as vozes não são as mesmas do filme para muitos deles – o que é fácilmente perceptível, em alguns em particular: Belatrix e Harry.
Massacrando a história e a jogabilidade em nome da facilidade, o game acaba por falhar miseravelmente no quesito essencial: proporcionar diversão. Obviamente, fanáticos pela franquia irão achar alguma, mas o público em geral não tem porque considerar este título para nada: nem mesmo para conhecer a trama sem assistir aos filmes ou ler os livros, pois o game não o faz.
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